sábado, 30 de julho de 2011

Uma nova educação?

Hoje fui com dois velhos amigos visitar o meu grande professor dos tempos de colégio. Como sempre, foi bom rever o mestre, amigo, diretor de teatro, conselheiro de grêmio estudantil, enfim, o homem que nos ensinou mais do que conteúdos escolares, nos ensinou ética, amizade, companheirismo, nos ensinou a sermos homens.
No meio de uma conversa animada. um papo sobre a educação atual me fez perceber que as coisas já não são como antes. Faz cinco anos que saí do ensino médio e hoje já não há espaço para as coisas que vivemos. A burocratização da educação não abre mais brechas pro que mais importa na escola: a novidade, a troca. Os conteúdos estão engessados de tal forma que o que experimentamos não pode ser vivido pelos estudantes de hoje.
O mestre é o mesmo e tem os mesmos ideais, a mesma disposição, mas o sistema não permite mais os velhos movimentos. Na nossa época, a gente saia da sala pra ensaiar teatro, pra participar do grêmio, pra matar aula na biblioteca e isso foi o que mais me enriqueceu em todos esses anos. Me lembro de poucas coisas que aprendi nas salas de aula, mas me lembro de todos os conhecimentos que adquiri nos outros momentos que estava na escola.
Gostaria de saber quem se lembra de orações subordinadas, cossenos e afluentes do Amazonas?
Ninguém, a não ser os especialistas, se lembra disto. O que mais importa na escola são as experiências vividas, isso é cultura, isso é o que se leva. É preciso que reflitam que do modo que as coisas vão, os novos alunos não terão nada que realmente fique marcado pra vida. A escola não pode ser formada apenas por conteúdos programáticos, tem que ser modificadora de vidas, como foi pra mim.
A educação precisa se humanizar, precisa de menos técnicas e mais criação de pensamentos. A escola tem que ser espaço pra pensar e não pra memorizar, pra raciocinar e não pra decorar, pra viver e não pra sobreviver. Espero que os alunos que virão possam experimentar tantas novidades quanto eu.
Precisamos de escolas de vida!

André Salles

sexta-feira, 29 de julho de 2011

América democrática

Ontem mais um passo foi dado na consolidação da democracia na América do sul. O continente, assolado por governos autoritários durante o século XX, empossou mais um presidente eleito por seu povo. Ollanta Humala é o primeiro esquerdista a assumir o poder no Peru nos últimos 35 anos.
O país andino foi a última nação sul-americana a derrubar seu ditador e ainda vive à sombra do governo totalitarista de Alberto Fujimori, eleito no início da década de 90 e que se manteve autoritariamente no governo até o ano 2000. O ex-presidente está preso por crimes cometidos durante seu governo.
Keiko Fujimori, filha do ditador, disputou a última eleição e deixou uma questão. O Fujimorismo voltará?
Penso que se for por vontade do povo, os “Fujimori” têm todo direito de liderar a nação. O que não podemos admitir são governos autoritários manchando a democracia do nosso continente. Talvez o medo de uma nova ditadura Fujimorista tenha sido um bom aliado para Humala.
De qualquer forma, o novo presidente se recusou a fazer o juramento sobre a constituição promulgada durante os anos ditatoriais e fez seu juramento sobre carta magna anterior, de 1979. Foi um belo gesto pró-democrático. Feio foi o ex-presidente, Alan García, não participar da posse.
Mas o que importa é que o Peru conseguiu eleger seu presidente democraticamente pela terceira vez seguida. A América parece cada vez mais longe das ditaduras.
Viva a Democracia!!!

André Salles

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O mundo acordou sorrindo

Mágico! Sensacional! Brilhante! Espetacular! Fantástico!
Palavras não podem definir o que foi visto na Vila Belmiro ontem. Um espetáculo do futebol como há tempos não se via. A Bola foi acariciada, o gramado virou palco e no final não havia outra saída a não ser os aplausos.
O Gol de Neymar merece uma placa, a atuação de Ronaldinho lembrou porque ele foi duas vezes o melhor do mundo. Os dois times foram ofensivos e não se intimidaram, uma legítima exibição do futebol arte. A história não nos presenteou com um confronto entre o Flamengo de Zico e o Santos de Pelé, mas o duelo de ontem fez jus aos anos gloriosos das duas equipes.
1... 2... 3 a 0 pro Peixe aos 25 minutos do primeiro tempo, parecia que a invencibilidade do rubro-negro cairia de forma vergonhosa. Os meninos da vila davam show, Neymar estava impossível, Elano e Ganso davam bons passes e Borges era matador. O time carioca até que jogava bem, mas a bola não entrava.
Seis minutos depois, o jogo estava 3 a 2. Antes do final do primeiro tempo Elano perde um pênalti bisonho e o Flamengo empata. O Segundo tempo começou tão eletrizante quanto acabou o primeiro. Santos 4 a 3 logo de cara e parecia que o destino iria premiar o peixe. Mas o improvável aconteceu, Dois gols rubro-negros e uma vitória heroica.
Neymar foi brilhante, entortou metade do time carioca e fez um gol antológico. Mas quem fez a diferença mesmo foi o genial Ronaldinho Gaúcho. Três gols, cobrança de escanteio na cabeça do Deivid, finalizações, passes, foi incrível. O gol de falta foi esplêndido, depois de uma jogada individual desconcertante. Pra quem era considerado decadente até meses atrás o camisa dez mostrou em campo que ainda pode brilhar.
O Flamengo levou os 3 pontos, mas o Santos não pode se considerar derrotado. O futebol venceu!

André Salles

quarta-feira, 27 de julho de 2011

E os oceanos viram gotas...

Ontem li uma notícia que me fez ficar pensando. Bem, resolvi compartilhar com vocês...
Dois astrônomos descobriram um reservatório de água 140 trilhões de vezes maior que a hidrosfera terreste. Este mega “oceano” espacial está localizado a “apenas” 12 bilhões de anos luz de distância.
Outra coisa me espanta além dos números exorbitantes, que são comuns na astronomia. As pessoas estão discutindo o que irá acontecer com essa água, se ela irá se condensar ou ser expelida deste quasar. Os analistas não se deram conta de que estão vendo este pedaço do universo como era a 12 bilhões de anos. Seja lá o que for, já aconteceu.
É tempo suficiente, inclusive, pra esta água se acumular sobre um planeta, como aconteceu aqui, e dar origem à vida. Ouvíamos há tempos atrás que era pouco provável que houvesse vida inteligente fora daqui por causa da falta de água. Bom, água dá pra ver que tem.
A discussão sobre vida extraterrestre é interminável. Se ela é inteligente então, nem se fala. Mas que 12 bilhões de anos é tempo suficiente para que a vida avance e se torne muito mais inteligente que a nossa, isso é indiscutível. Agora, me parece pouco provável que em um universo deste tamanho sejamos o único foco de vida. Soa como prepotente nos acharmos os donos de todo este espaço.
A discussão continua, mas parece que a cada dia a ciência está mais próxima de descobrir que não estamos sozinhos.

André Salles

terça-feira, 26 de julho de 2011

Abre o olho Tio Sam

A grande nação do último século, o país mais poderoso do mundo desde a segunda guerra, a maior potência bélica do planeta. É... Nada disso pode evitar que os Estados Unidos passem pela maior crise de endividamento de sua história.
Não é de hoje que a solidez da economia americana está sendo posta à prova. Sucessivas crises, o crescimento exorbitante da China e a desvalorização do dólar vem pondo em cheque a hegemonia norte-americana. O Tio Sam já não mostra mais aquela invejável saúde financeira. Até ontem o país emprestava dinheiro, hoje precisa urgentemente aumentar o limite de sua dívida para não dar um calote.
E a declaração de ontem do presidente Barack Obama???
Parece não haver outra saída para pagar os próximos vencimentos a não ser pegar outro empréstimo. O grande problema é que o teto da dívida foi atingido e aumentá-lo unilateralmente pode ser um suicídio político. Obama declararou que os republicanos precisam abandonar os interesses nas próximas eleições e pensar no bem do país. A proposta do presidente é de cortar gastos e aumentar os impostos das classes econômicas mais altas.
A resposta da oposição não tardou...
O presidente da Câmara, Deputado John Boehner, entrou no ar assim que o discurso do chefe de estado acabou. Ele disse que os republicanos não vão dar um cheque em branco para o presidente e mantiveram a posição contrária ao aumento dos impostos. Os republicanos esperam um grande corte nos gastos com programas sociais do governo.
Enquanto o impasse permanece, a possibilidade de rebaixamento pelas agências de classificação de risco aumenta. A nota americana é considerada a mais segura do mundo. O calote da nação mais poderosa do planeta traria consequencias graves para a econômia mundial. O desemprego e os juros cresceriam rapidamente. Haveria um desequilibrio no consumo e nas exportações. O risco é iminente.
Todos os grandes impérios do mundo ruíram e o futuro norte-americano parece fadado ao mesmo destino. Os problemas vêm se agravando ano a ano. O custo das guerras é insutentável. Resta saber se o domínio mundial passará de mãos nesta ou nas próximas crises.

André Salles

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Arriba Celeste!!!

Justiça feita na final da Copa América, a melhor seleção foi campeã.
O Uruguai provou que tem uma equipe forte e que luta até o fim. Depois de aparecer como surpresa nas semifinais da copa de 2010, a Celeste Olímpica mostrou que realmente está de volta para reviver os anos de glória. Bicampeã olímpica e mundial a seleção ficou 16 anos sem um título internacional e amargou o momento mais crítico de sua história esportiva.
Neste domingo, os guerreiros uruguaios recolocaram o país em destaque no cenário esportivo mundial. Com a conquista, o país passou a ser o maior vencedor da competição, com 15 títulos. Além do troféu, o Uruguai teve o melhor jogador da competição, Luis Suárez. Aliás, o grande craque da última copa do mundo também foi um uruguaio, Diego Forlán.
E, pode falar, deu gosto de ver a Celeste em campo nos últimos dias. A garra de seus jogadores, o espírito de luta e a dedicação ao time aliados à técnica e à tática foram inspiradores. Poderíamos mandar nossa seleção para ter umas aulas com os hermanos. A esquadra Uruguaia foi a antítese da brasileira, mostrou tudo o que esperávamos que a nossa mostrasse.
A queda brasileira nas quartas foi uma decepção. Até jogou bem aquele jogo, mas tinha mostrado um futebol errante nas partidas anteriores. E o que falar dos pênatlis??? O que foi aquilo??? quatro cobranças e nenhum gol. Não há gramado que justifique isso. Como tantos jogadores de alto nível podem errar assim? Nervosismo? Falta de treino? Não sei. Agora, ficou claro que este elenco não demonstrou disposição e garra suficientes para carregar o uniforme canarinho.
Há de se mencionar duas agradáveis surpresas desta Copa América...
A primeira foi o desempenho de seleções de pouca tradição como o Peru e a Venezuela. Jogaram um futebol bonito e mereceram o terceiro e o quarto lugar. A segunda foi o goleiro paraguaio Justo Villar, fez uma competição impecável e foi um dos grandes responsáveis pelo vice-campeonato de sua seleção.
Não há como negar, o Uruguai é a grande potência do futebol sulamericano atual. Dá gosto de ver a Celeste voltando a Fazer história.

André Salles

Terror nórdico

As vezes fico impressionado com a capacidade dos seres humanos se tornarem fanáticos. Religião, política, futebol, música, enfim... Qualquer área que possibilite pluralidade de opiniões se torna campo para extremismos e radicalismos.
O nazi-facismo se foi, a guerra fria está apenas nos livros, os países da antiga Iugoslávia são independentes e, mesmo assim, posições políticas ainda se tornam pano de fundo para ações terroristas. Vira e mexe, os movimentos ultradireitistas ganham força na europa. A xenofobia e o anti-comunismo são recorrentes na juventude desses países. Os dois ataques em Oslo deixam claro que o ideal nazista ainda está vivo. O velho fantasma que assombrou a Europa no século passado voltou e está ganhando força no seio da juventude ariana.
Anders Behring Breivik, um típico homem nórdico, ex-membro do partido do progresso, confessa que matou 76 pessoas mas não se considera criminalmente culpado. Explodir um carro bomba e atirar em jovens do partido trabalhista é tido por ele como "forma de salvar o país". Talvez esta realmente seja a atitude mais brutal do nazismo desde Adolf Hitler. A Noruega convive agora com a afirmação de que as mortes foram culpa do governo, que não impediu a imigração de muçulmanos.
Oslo, com seus baixos índices de violência, não estava preparada para estes ataques, a polícia demorou e até a contagem dos mortos está confusa. O partido trabalhista norueguês e sua política social-democrata sofreu o pior ataque ao país desde a segunda guerra. O terror chegou ao norte da Europa.
Esta história, que mais parece de filme de terror, ainda tem mais uma parte trágica...
A pena máxima que este terrorista pode pegar é 21 anos de prisão, tendo, pelo menos, direito a um novo julgamento depois disto. Vamos esperar por novas leis depois desta chacina. Não apenas na Noruega, mas que o mundo aprenda e aplique leis mais severas contra atos deste tipo.
O mundo está de luto...

André Salles

domingo, 24 de julho de 2011

Desfecho de uma morte anunciada

Ontem o mundo perdeu o melhor timbre feminino desde Janis Joplin. Irônicamente, com a mesma idade e da mesma forma que aquela americana de gritos rasgados e tons marcantes. Outra vez, a arte perde um ícone prematuramente. A moça inglesa deixa apenas uma pequena amostra do que poderia ser uma obra genial. Justo ela, que mudou os rumos da música do novo século com arranjos retrôs e uma melancolia típica dos grandes sucessos do Blues e do Soul.
A morte de Amy estava anunciada, seu sucesso foi tão fulminante quanto seus vícios. Aquele turbilhão criativo sucumbiu à incapacidade de compartilhar o mundo com sentimentos tão conturbados. Uma pena não termos mais discos com aquela voz, não termos mais aquelas composições hipersinceras... Aqui fica um triste desabafo por, mais uma vez, os excessos terem privado a arte de seus talentos.
Aquela forma de cantar, que me lembrava Janis, foi ouvida pela última vez. Amy Winehouse cumpriu o que o todos esperavam. Ela se foi, ficaram suas canções, sua obra. Sua arte será imortal.

André Salles