sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Orgulho do preconceito


Caros leitores, não sei se estão sabendo da nova lei aprovada pela câmara municipal de São Paulo. O vereador Carlos Apolinário (DEM) propôs o dia do orgulho heterossexual. Agora eu te pergunto. Por que um político está preocupado com isso? Por que não perde seu tempo fazendo leis que realmente mudem a sociedade?
Eu posso compreender que se estabeleça o dia do orgulho gay, dia da consciência negra, dia do índio etc. Afinal, estes grupos sempre foram discriminados e ainda existe a necessidade de afirmação. Esses movimentos sempre tentaram marcar seu espaço como iguais, o que é um direito legítimo. No entanto, dia do orgulho hétero é um pretexto para se colocar numa situação de superioridade. Me parece um preconceito velado.
Daqui a pouco vamos ter dia do orgulho católico, protestante, muçulmano. Da mesma forma que a opção sexual, religião também permite diversidade. E ter uma posição pessoal é motivo de orgulho?
Cada vez mais as pessoas fazem questão de se isolar, ao invés de se juntar. Essas manifestações separatistas, só geram mais preconceito. Cada vez mais estamos divididos em tribos. Opção sexual, religião, política e futebol se tornaram motivo para as pessoas se separarem. Neste ritmo, seremos vários exércitos de um homem só.
Essa lei, por si só, já é um absurdo. A parte isso, seu texto propõe que se conscientize e estimule a população a resguardar a moral e os bons costumes. Sinceramente, pra mim isso passou dos limites. Nas entrelinhas está posto que essas características são apenas dos heterossexuais. Triste concepção de vida. Algumas das pessoas mais íntegras que conheço são gays. É surpreendente que uma câmara aprove um projeto tão discriminatório.
Fica aqui meu apelo para que o prefeito Gilberto Kassab vete esta lei que só estimula a intolerância e o preconceito.

André Salles

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Liberdade?


A intolerância está se espalhando pelo velho mundo. E o pior, disfarçada de defesa da liberdade. A França – um país historicamente dedicado aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade – aprovou no ano passado uma lei que proíbe o véu islâmico. Agora, a Itália quer seguir o mesmo caminho.
O mais grave é pensar que ainda hoje, em pleno século XXI, combate-se a opressão com mais opressão. Não há que se proibir os costumes de um povo ou grupo religioso, isto vai de encontro às liberdades individuais. Está se instalando na Europa uma ditadura da moda ocidental. As mulheres muçulmanas deveriam ser livres para não usar a burca, mas não podem ser obrigadas a se desfazer de seus véus.
É um perigo para todo cidadão quando as liberdades individuais são cerceadas em nome de um falso liberalismo. Um autoritarismo silencioso está se instalando, censurar qualquer direito é um passo perigoso em direção ao totalitarismo. Guardar a liberdade é um dever, mas o que está sendo feito passa longe disto.
A Europa admite cada vez menos a diversidade. Seu modelo de vida está sendo imposto aos que querem viver naquela terra. Proibir que os muçulmanos obriguem suas mulheres a usar o véu é uma medida de defesa da liberdade, proibir o traje é um autoritarismo. Afinal, as mulheres tem o direito de optar pelo uso da vestimenta que bem entenderem.
Fica o apelo para que o velho continente redescubra o significado da palavra liberdade.

André Salles

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os rumos da nossa sociedade

Hoje resolvi atender ao desejo de um leitor. Ontem me pediram para fazer uma reflexão sobre a sociedade carmense. Obviamente, não estou aqui para criticar as pessoas, estou aqui para analisar os fatos de forma apartidária. Acredito que a condição social do nosso município é um pequeno exemplo da sociedade brasileira como um todo.
Há anos o Carmo passa por um grave problema de ordem econômico-social. A desindustrialização da cidade gerou uma dependência econômica da prefeitura, sendo assim, todo o giro financeiro municipal está ligado aos cofres públicos. Um município que vive exclusivamente deste tipo de renda gera cidadãos amordaçados.
O povo não se mobiliza em prol de movimentos democráticos porque temem por sua fonte de renda. Exercício da democracia não é apenas ir às urnas a cada eleição, é cobrar o melhor de nossos governantes, é participar da política diária. Afinal, eles são os nossos representantes. Já passou da hora dos cidadãos entenderem que a ditadura e a opressão caíram faz 25 anos. A liberdade de expressão é direito constitucional e ninguém pode ser punido por isto.
A sociedade brasileira vem passando por uma mudança profunda. O espaço para manipulações eleitorais não existe mais. O brasileiro entendeu que o político que se corrompe durante a corrida eleitoral vai lesar o povo depois que estiver no poder. A população carmense precisa compreender essas mudanças e exercer toda sua consciência política. As próximas eleições têm tudo para coroar o interesse coletivo, e não o particular.
É urgente que o Carmo resolva duas questões crônicas de nosso dia a dia: a saúde e a educação. Esses são os pilares de uma sociedade saudável. Há décadas nossa cidade convive com problemas nessas duas áreas.
E a culpa é toda dos governantes?
Não. A culpa também é da sociedade civil, pois não se mobiliza, não exerce sua cidadania.
Nos resta a esperança de que nosso povo compreenda o verdadeiro sentido da democracia e assim possamos fazer o melhor pela cidade bela.

André Salles

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Abre-se a ilha de Fidel

Ontem fomos pegos de surpresa com uma novidade na política mundial. O governo cubano anunciou a volta da propriedade privada à ilha depois de 50 anos. A reforma aprovada pelo parlamento autoriza mais de 300 mudanças na legislação, incluindo uma abertura comercial moderada. Os habitantes de Cuba também poderão visitar o exterior com mais facilidade.
Finalmente parece que os governantes caíram em si que comunismo não é igualitarismo. O ideal comunista propõe igualdade de condições, não igualdade de vidas. Em uma sociedade como a proposta por Marx, os cidadãos tem preferencias e optam pelo que melhor lhes cabe. Diferentemente do que vimos com o “Comunismo Real”, onde foi imposto um modelo de vida para todas as pessoas.
O Marxismo inclui a liberdade individual, a democracia e o direito de ir e vir. Infelizmente, este ideal foi deturpado e as pessoas veem o comunismo como um mal. Na minha opinião, a ausência de democracia foi o grande erro do movimento comunista.
Li uns comentário na internet com a seguinte questão: Seria está medida cubana o fim do comunismo?
Do meu ponto de vista, não. Até porque não acredito que o modelo praticado no mundo seja o verdadeiro comunismo. Pra ser comunista precisa ser democrático e respeitar as diferenças. As oportunidades tem que ser iguais, mas tem que permitir escolhas diferentes. Desta forma, creio que ainda não tivemos um modelo comunista no nosso planeta.
Nos resta esperar por esta sociedade utópica, sem ditadores e desigualdades, onde todos tenham condições de viver dignamente segundo seus ideais.

André Salles

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mancharam o mundo de novo

Ontem fiquei muito triste com o episódio de racismo da Volta do Rio de Janeiro de ciclismo. É decepcionante ver um esportista praticar atos deste tipo. Logo o esporte, que tem o dever de unir os povos. Cadê o espírito olímpico?
Foi feio ver um italiano tratar um brasileiro como inferior, ainda mais em nosso País. Bonito mesmo foi ver a direção da prova desclassifica-lo e ainda dizer pra ele que aqui isso não é normal, é crime. O atleta europeu merecia uma punição exemplar. Me espanta o sentimento de superioridade de algumas pessoas. Parece que não percebem que a cor da pele, a marca da roupa ou a fé que praticam não fazem delas pessoas melhores.
O ser humano tem o péssimo hábito de pensar que professa a melhor religião, que usa a melhor roupa, que nasceu no melhor país, que pertence ao melhor grupo e que está no melhor caminho. As diferenças dos outros são tidas como imperfeições. O animal racional, definido por Aristóteles, não consegue ver um palmo além de suas crenças e exclui qualquer possibilidade de melhorar. Obviamente, o perfeito não tem pra onde evoluir.
O preconceito racial é a mais deprimente demonstração de falta de racionalidade. E por um simples motivo: pertencemos todos à mesma raça. Não existe a raça dos negros, a dos índios, a dos judeus... Existe a raça humana, pura e simples. Classificaria alguns seres humanos como racionais, pois, os que não percebem isso não tem qualquer chama de racionalidade.
Não só o esporte foi manchado, mas o mundo inteiro acordou mais triste.

André Salles