quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A luz ficou pra trás...


Acabaram as provas da faculdade. Finalmente vou poder voltar a debater o que acontece de mais importante no dia a dia com vocês. Já estava com saudades de analisar o cotidiano. As últimas duas semanas foram muito puxadas e acabei não tendo tempo de escrever. Muitas coisas dignas de nota aconteceram nesses dias e, na medida do possível, vou tentar falar de algumas aqui.
Talvez pouca gente tenha ficado sabendo de uma descoberta do Cern, Conselho Europeu para a pesquisa Nuclear, mas pra mim foi uma das notícias mais bombásticas dos últimos tempos. Há mais de cem anos, Einstein publicou a Teoria da Relatividade e estabeleceu as leis que regem a física moderna. Uma dessas “certezas” científicas é que nada no universo pode ser mais rápido que a luz. Bom, isso até outro dia.
O estudo identificou que neutrinos viajaram os 723 km entre Genebra e Gran Sasso 60 bilionésimos de segundo mais rápido que a luz. Para nós, leigos, parece pouco, mas cientificamente é uma revolução. A pesquisa será reavaliada pela comunidade científica internacional, mas já está sendo considerada a maior descoberta dos últimos cem anos.
Um dos maiores devaneios da ficção pode estar perto de se tornar fisicamente possível. Na teoria, movendo-se mais rápido que a luz, podemos viajar no tempo. A vida real se aproxima do cinema de novo. Não sei se isso é realmente possível, mas a nova descoberta põe por terra um dos alicerces da ciência moderna. Traduzindo, significa que toda a física que estudamos até hoje pode não valer de nada. Mais uma vez, a ciência precisa descer do seu pedestal e aceitar que as provas científicas, na verdade, não provam nada.
Parafraseando o próprio Einstein, “Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário”.

André Salles

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Uma terra, dois povos


Já se vão mais de 60 anos da criação do estado de Israel e a paz no oriente médio está longe de ser alcançada. Naquele longínquo 1947, foi prevista a criação de um território Judeu, dividindo a Palestina em dois estados nacionais. Israel aceitou a proposta, mas os Árabes, que já residiam no local, recusaram. Os israelenses iniciaram um confronto armado e tomaram grande parte do território palestino.
Mas o pior ainda estava por vir. Em 1967 aconteceu a guerra dos seis dias. Israel, antes sem nenhum território, conquistou o que havia sobrado da Palestina. A partir de então, os Palestinos ficaram sem nenhuma pátria.
Me parece justo que os judeus tivessem sua nação independente, principalmente depois de toda perseguição que sofreram durante a Segunda guerra mundial (1939-1945). O que não é correto nesta história toda, é que os palestinos tenham ficado sem território. Os anos se passaram, Israel com sua política próxima do ocidente foi amplamente reconhecido pela ONU. E a questão Palestina dura até hoje.
Em pleno século XXI, a maioria das pessoas condena a luta Palestina por aquele território. Sou completamente contra a violência e aos conflitos armados, mas é necessário que se compreenda que o que hoje é conhecido como Israel, era a Palestina até meados do século passado.
Mais um capítulo desta história acontece esta semana. O presidente da autoridade nacional Palestina, Mahmoud Abbas, vai tentar o reconhecimento de seu estado na ONU. A expectativa é que, outra vez, o pedido seja vetado. Israel mantém estreitos laços com os norte-americanos, que têm poder de veto no conselho de segurança das nações unidas.
Mais uma vez, os interesses nacionais se sobrepõem aos direitos de um povo. A Palestina reivindica apenas as fronteiras anteriores a 1967, onde os dois países coexistiam. Enquanto a rixa islâmico-ocidental não for posta de lado, a paz na terra santa estará sempre distante.

André Salles

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E a faxina continua...


Talvez eu realmente seja um sonhador, porque sempre me impressiono com a capacidade que o ser humano tem de se corromper. Ao contrário do que pensa a maioria, eu não acho que a corrupção seja o maior problema do nosso país. Creio que a grande mazela brasileira seja a impunidade. Aqui, é difícil ver alguém ser punido por seus delitos, principalmente se o infrator for rico ou poderoso.
Há menos de 15 dias escrevi um artigo sobre o caso da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Em bom português, fiquei puto da vida com nosso congresso. Sempre que vejo uma cena destas tenho a sensação de que o Brasil tem que ser recomeçado do zero. Enfim, passado este momento, volto a ter esperança.
Hoje, mais uma vez nos deparamos com uma figura do alto escalão nacional se beneficiando do bem comum. O ministro do turismo, Pedro Novais, pediu demissão após ser descoberto pagando dois funcionários pessoais com dinheiro público. Todo mundo que converso está triste com a quantidade de homens fortes do governo que tem caído. Eu penso justamente o contrário. Estou feliz da vida, a cada denúncia cai um novo nome. Só assim o Brasil vai ser passado a limpo de verdade.
Eu tenho adorado esta faxina. Cinco ministros caíram em nove meses, isso mostra que não adianta ter nome, tem que ser correto. Fico chateado quando alguém sai impune, quando o Brasil fecha os olhos para a corrupção. Ontem eu conversava com um amigo e dizia que se isso acontecesse na Argentina já tinha gente com panela na mão fazendo o maior rebuliço.
Não consigo entender como um país que teve movimentos populares tão fortes em prol da democracia chegou a esta passividade. Há 30 anos, o brasileiro pintava a cara com as cores da bandeira e ia pra rua lutar contra a ditadura. Depois foram as ‘Diretas já’, mais a frente o ‘Fora Collor’. O que fez nosso povo ficar tão acomodado?
No último dia 7, os caras pintadas reapareceram. Nariz de palhaço, verde e amarelo no rosto, esse sim é um povo que não se cala perante uma leva de políticos que só visa o bem próprio. Quero acreditar que este seja o início da nossa revolução democrática. Que o movimento cresça e que tenhamos força para exigir um Brasil para todos.

André Salles

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Uma década de medo


Já faz dez anos. Eu era apenas uma criança na sala de aula quando tudo começou. Entendia pouco da vida, mas aquilo era tão chocante que nem mesmo a minha inocência juvenil podia me poupar do caos. Pouco antes, Hollywood tinha produzido uma leva de filmes-catástrofe, mas nem o mais talentoso cineasta poderia imaginar o que aconteceu em 11/09/2001.
Dois aviões atingiam o coração financeiro da maior nação do planeta. As câmeras gravavam tudo, o mundo assistia ao vivo ao maior ataque terrorista da história. Uma terceira aeronave acertava o Pentágono, centro militar americano. Toda a defesa dos Estados Unidos foi pulverizada em minutos. Um quarto voô caiu sobre um campo na Pensilvânia, o atentado tinha sido frustrado pelos passageiros. A sensação era que a cada instante aconteceria mais uma tragédia.
Me lembro de cada momento daquela terça-feira. Aviões lotados sendo usados como mísseis, prédios gigantescos ruindo cheios de civis, pessoas se jogando para a morte; todas essas imagens ficam entranhadas na nossa memória. Milhares de vidas eram destruídas ali, na frente de nossos olhos.
Uma década de guerras se seguiu àquele setembro. O governo mais beligerante da história norte-americana invadiu o Afeganistão e o Iraque, e as batalhas duram até hoje. Uma geração inteira cresceu com medo de uma sombra: Osama Bin Laden. O mundo associou Islamismo a terrorismo, e uma religião belíssima ficou marcada pelo fanatismo de alguns.
Nada justifica a brutalidade de um ato terrorista e nem o banho de sangue de uma guerra. As atrocidades acontecem de lado a lado. Me resta esperar que as próximas gerações não precisem assistir a tais barbaridades, e torcer para que as diferenças étnicas, econômicas, ideológicas e religiosas sejam apenas motivo de debate.

André Salles